sábado, 18 de março de 2017

Quando criança, tenho uma forte recordação de meu pai advertindo-me: “quem é ruim, só manda lembranças a quem não presta”, dizia com um forte sotaque nordestino! O que está contido nesta frase simples? Ora, aqueles com quem você se alia é que determinam de fato quem você é! A partir disso podemos analisar que, alianças escusas, fisiológicas, independendo de a que fim se.destinam, não se justificam! O resultado dessas alianças, sim! Estes por mais catastróficos que sejam, ou benéficos, são de inteira responsabilidade dos aliados! Quando olhamos para trás e refletimos sobre nossa história, podemos tirar conclusões de que nossas alianças é que nos trouxeram até onde estamos. Portanto, arcar com as consequências é o que nos resta!
Messias Barros 09/03/2017

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Servidão


Discurso Sobre a Servidão Voluntária

Etienne de La Boétie

Muita gente a mandar não me parece bem;
Um só chefe, um só rei, é o que mais nos convém.
Assim proclamava publicamente Ulisses em Homero [Homero, Ilíada, cap. II] Teria toda a razão se tivesse dito apenas:
Muita gente a mandar não me parece bem.
Deveria, para ser mais claro, ter explicado que o domínio de muitos nunca poderia ser boa coisa pela razão de o domínio de um só que usurpe o título de soberano ser já assaz duro e pouco razoável; em vez disso, porém, acrescentou:
Um só chefe, um só rei, é o que mais nos convém.
Uma única desculpa terá Ulisses e é a necessidade que teve de recorrer a tais palavras para apaziguar as tropas amotinadas, adaptando (julgo) o discurso às circunstâncias mais do que à verdade.
Vistas bem as coisas, não há infelicidade maior do que estar sujeito a um chefe; nunca se pode confiar na bondade dele e só dele depende o ser mau quando assim lhe aprouver.
Ter vários amos é ter outros tantos motivos para se ser extremamente desgraçado.
Não quero por enquanto levantar o discutidíssimo problema de saber se as outras formas de governar a coisa pública são melhores do que a monarquia. A minha intenção é antes interrogar-me sobre o lugar que à monarquia cabe, se algum lhe cabe, entre as mais formas de governar. Porque não é fácil admitir que o governo de um só tenha a preocupação da coisa pública.
É melhor, todavia, que esse problema seja discutido separadamente, em tratado próprio, pois é daqueles que traz consigo toda a casta de disputas políticas.
Quero para já, se possível, esclarecer tão-somente o fato de tantos homens, tantas vilas, cidades e nações suportarem às vezes um tirano que não tem outro poder de prejudicá-los enquanto eles quiserem suportá-lo; que só lhes pode fazer mal enquanto eles preferem agüentá-lo a contrariá-lo.
Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente.
Tal é a fraqueza humana: temos frequentemente de nos curvar perante a força, somos obrigados a contemporizar, não podemos ser sempre os mais fortes.
Se, portanto, uma nação é pela força da guerra obrigada a servir a um só, como a cidade de Atenas aos trinta tiranos, não nos espanta que ela se submeta; devemos antes lamentá-la; ou então, não nos espantarmos nem lamentarmos mas sofrermos com paciência e esperarmos que o futuro traga dias mais felizes.
Está na nossa natureza o deixarmos que os deveres da amizade ocupem boa parte da nossa vida. É justo amarmos a virtude, estimarmos as boas ações, ficarmos gratos aos que fazem o bem, renunciarmos a certas comodidades para melhor honrarmos e favorecermos aqueles a quem amamos e que o merecem. Assim também, quando os habitantes de um país encontram uma personagem notável que dê provas de ter sido previdente a governá-los, arrojado a defendê-los e cuidadoso a guiá-los, passam a obedecer-lhe em tudo e a conceder-lhe certas prerrogativas; é uma
prática reprovável, porque vão acabar por afastá-lo da prática do bem e empurrá-lo para o mal. Mas em tais casos julga-se que poderá vir sempre bem e nunca mal de quem um dia nos fez bem.
Mas o que vem a ser isto, afinal?
Que nome se deve dar a esta desgraça? Que vício, que triste vício é este: um número infinito de pessoas não a obedecer, mas a servir, não governadas mas tiranizadas, sem bens, sem pais, sem vida a que possam chamar sua? Suportar a pilhagem, as luxúrias, as crueldades, não de um exército, não de uma horda de bárbaros, contra os quais dariam o sangue e a vida, mas de um só? Não de um Hércules ou de um Sansão, mas de um só indivíduo, que muitas vezes é o mais covarde e mulherengo de toda a nação, acostumado não tanto à poeira das batalhas como à areia dos torneios, menos dotado para comandar homens do que para ser escravo de mulheres?
Chamaremos a isto covardia? Temos o direito de afirmar que todos os que assim servem são uns míseros covardes?
É estranho que dois, três ou quatro se deixem esmagar por um só, mas é possível; poderão dar a desculpa de lhes ter faltado o ânimo. Mas quando vemos cem ou mil submissos a um só, não podemos dizer que não querem ou que não se atrevem a desafiá-lo.
Como não é covardia, poderá ser desprezo, poderá ser desdém? Quando vemos não já cem, não já mil homens, mas cem países, mil cidades e um milhão de homens submeterem-se a um só, todos eles servos e escravos, mesmo os mais favorecidos, que nome é que isto merece? Covardia?
Ora todos os vícios têm naturalmente um limite além do qual não podem passar. Dois podem ter medo de um, ou até mesmo dez; mas se mil homens, se um milhão deles, se mil cidades não se defendem de um só, não pode ser por covardia.
A covardia não vai tão longe, da mesma forma que a valentia também tem os seus limites: um só não escala uma fortaleza, não defronta um exército, não conquista um reino.
Que vício monstruoso então é este que sequer merece o nome vil de covardia? Que a natureza nega ter criado, a que a língua se recusa nomear?
Disponham-se de um lado cinqüenta homens armados e outros tantos de outro lado; ponham-se em ordem de batalha, prontos para o combate, sendo uns livres e lutando pela liberdade, enquanto os outros tentam arrebatá-la dos primeiros: a quais deles, por conjectura, se atribui a vitória? Quais deles irão para a luta com maior entusiasmo:
os que, em recompensa deste trabalho receberão o prêmio de conservar a liberdade ou os que, dos golpes que derem ou receberem, esperam tão-somente a servidão?
Os primeiros têm constantemente diante dos olhos a felicidade de sua vida passada, a esperança de no porvir a poderem conservar. Preocupa-os menos o que têm de sofrer no decurso da batalha do que tudo o que vão ter de suportar eles, os filhos e toda a posteridade. Os outros nada têm que os anime, a não ser um pouco de cobiça que é insuficiente para protegê-los do perigo e tão pouco ardente que não tardará a extinguir-se logo que derramem as primeiras gotas de sangue.
Nas muito famosas batalhas de Milcíades, Leônidas e Temístocles, travadas há já dois mil anos e que permanecem tão frescas na memória dos livros e dos homens como se tivessem acontecido ontem, nessas batalhas travadas na Grécia para bem da Grécia e exemplo do mundo inteiro, donde terá vindo aos gregos escassos não digo o poder mas o ânimo para se oporem à força de navios tão numerosos que mal cabiam no mar? E para desbaratarem nações tão numerosas que em toda a armada grega não se achariam soldados que chegassem para preencherem, se tal fosse mister, os postos de comandantes desses navios?
É que, em boa verdade, o que estava em causa nesses dias gloriosos não era tanto a luta entre gregos e persas como a vitória da liberdade sobre a dominação, da razão sobre a cupidez.
Quantos prodígios temos ouvido contar sobre a valentia que a liberdade põe no coração dos que a defendem!
Mas o que acontece afinal em todos os países, com todos os homens, todos os dias?
Quem, só de ouvir contar, sem o ter visto, acreditaria que um único homem tenha logrado esmagar mil cidades, privando-as da liberdade?
Se casos tais acontecessem apenas em países remotos e outros no-los contassem, quem não diria que era tudo invenção e impostura?
Ora o mais espantoso é sabermos que nem sequer é preciso combater esse tirano, não é preciso defendermos-nos dele.
Ele será destruído no dia em que o país se recuse a servi-lo.
Não é necessário tirar-lhe nada, basta que ninguém lhe dê coisa alguma.
Não é preciso que o país faça coisa alguma em favor de si próprio, basta que não faça nada contra si próprio.
São, pois, os povos que se deixam oprimir, que tudo fazem para serem esmagados, pois deixariam de ser no dia em que deixassem de servir.
É o povo que se escraviza, que se decapita, que, podendo escolher entre ser livre e ser escravo, se decide pela falta de liberdade e prefere o jugo, é ele que aceita o seu mal, que o procura por todos os meios.
Se fosse difícil recuperar a liberdade perdida, eu não insistiria mais; haverá coisa que o homem deva desejar com mais ardor do que o retorno à sua condição natural, deixar, digamos, a condição de alimária e voltar a ser homem?
Mas não é essa ousadia o que eu exijo dele; limito-me a não lhe permitir que ele prefira não sei que segurança a uma vida livre.
Que mais é preciso para possuir a liberdade do que simplesmente desejá-la?
Se basta um ato de vontade, se basta desejá-la, que nação há que a considere assim tão difícil?
Como pode alguém, por falta de querer, perder um bem que deveria ser resgatado a preço de sangue? Um bem que, uma vez perdido, torna, para as pessoas honradas, a vida aborrecida e a morte salutar?
Veja-se como, ateado por pequena fagulha, acende-se o fogo, que cresce cada vez mais e, quanto mais lenha encontra, tanta mais consome; e como, sem se lhe despejar água, deixando apenas de lhe fornecer lenha a consumir, a si próprio se consome, perde a forma e deixa de ser fogo.
Assim são os tiranos: quanto mais eles roubam, saqueiam, exigem, quanto mais arruínam e destroem, quanto mais se lhes der e mais serviços se lhes prestarem, mais eles se fortalecem e se robustecem até aniquilarem e destruírem tudo. Se nada se lhes der, se não se lhe obedecer, eles, sem ser preciso luta ou combate, acabarão por ficar nus, pobres e sem nada; da mesma forma que a raiz, sem umidade e alimento, se torna ramo seco e morto.
Os audazes, para que obtenham o que procuram, não receiam perigo algum, os avisados não recusam passar por problemas e privações. Os covardes e os preguiçosos não sabem suportar os males nem recuperar o bem. Deixam de desejá-lo e a força para o conseguirem lhes é tirada pela covardia, mas é natural que neles fique o desejo de o alcançarem. Esse desejo, essa vontade, são comuns
aos sábios e aos indiscretos, aos corajosos e aos covardes; todos eles, ao atingirem o desejado, ficam felizes e contentes.
Numa só coisa, estranhamente, a natureza se recusa a dar aos homens um desejo forte. Trata-se da liberdade, um bem tão grande e tão aprazível que, perdida ela, não há mal que não sobrevenha e até os próprios bens que lhe sobrevivam perdem todo o seu gosto e sabor, corrompidos pela servidão.
A liberdade é a única coisa que os homens não desejam; e isso por nenhuma outra razão (julgo eu) senão a de que lhes basta desejá-la para a possuírem; como se recusassem conquistá-la por ela ser tão simples de obter.
Gentes miserandas, povos insensatos, nações apegadas ao mal e cegas para o bem!
Assim deixais que vos arrebatem a maior e melhor parte das vossas riquezas, que devastem os vossos campos, roubem as vossas casas e vo-las despojem até das antigas mobílias herdadas dos vossos pais!
A vida que levais é tal que (podeis afirmá-lo) nada tendes de vosso.
Mas parece que vos sentis felizes por serdes senhores apenas de metade dos vossos haveres, das vossas famílias e das vossas vidas; e todo esse estrago, essa desgraça, essa ruína provêm afinal não dos seus inimigos, mas de um só inimigo, daquele mesmo cuja grandeza lhe é dada só por vós, por amor de quem marchais corajosamente para a guerra, por cuja grandeza não recusais entregar à morte as vossas próprias pessoas.
Esse que tanto vos humilha tem só dois olhos e duas mãos, tem um só corpo e nada possui que o mais ínfimo entre os ínfimos habitantes das vossas cidades não possua também; uma só coisa ele tem mais do que vós e é o poder de vos destruir, poder que vós lhe concedestes.
Onde iria ele buscar os olhos com que vos espia se vós não lhos désseis?
Onde teria ele mãos para vos bater se não tivesse as vossas?
Os pés com que ele esmaga as vossas cidades de quem são senão vossos?
Que poder tem ele sobre vós que de vós não venha?
Como ousaria ele perseguir-vos sem a vossa própria conivência?
Que poderia ele fazer se vós não fôsseis encobridores daquele que vos rouba, cúmplices do assassino que vos mata e traidores de vós mesmos?
Semeais os vossos frutos para ele pouco depois calcar aos pés. Recheais e mobiliais as vossas casas para ele vir saqueá-las, criais as vossas filhas para que ele tenho em quem cevar sua luxúria.
Criais filhos a fim de que ele, quando lhe apetecer, venha recrutá-los para a guerra e conduzi-los ao matadouro, fazer deles acólitos da sua cupidez e executores das suas vinganças.
Matai-vos a trabalhar para que ele possa regalar-se e refestelar-se em prazeres vis e imundos.
Enquanto vós definhais, ele vai ficando mais forte, para mais facilmente poder refrear-vos.
E de todas as ditas indignidades que os próprios brutos, se as sentissem, não suportariam, de todas podeis libertar-vos, se tentardes não digo libertar-vos, mas apenas querer fazê-lo.
Tomai a resolução de não mais servirdes e sereis livres. Não vos peço que o empurreis ou o derrubeis, mas somente que o não apoieis: não tardareis a ver como, qual Colosso descomunal, a que se tire a base, cairá por terra e se quebrará.
Os médicos aconselham a não se tocar com a mão nas chagas incuráveis; não é, pois, sensato que eu dê conselhos a um povo que há muito perdeu a consciência e cuja doença, uma vez que ele já não sente dor, é evidentemente mortal. Temos, antes, de procurar saber como esse desejo teimoso de servir se foi enraizando a ponto de o amor à liberdade parecer coisa pouco natural.
Antes demais, eu creio firmemente que, se nós vivêssemos de acordo com a natureza e com os seus ensinamentos, seríamos naturalmente obedientes ao país, submissos à razão e de ninguém escravos.
Todos os homens, por si próprios, sem outro conselho que não seja o da natureza, guardam obediência ao pai e à mãe; quanto à razão, discutem muito os acadêmicos e todas as escolas filosóficas se ela nasce ou não conosco.
De momento penso não errar se crer que há na nossa alma uma semente natural de razão, a qual, se cultivada com bons conselhos e bons costumes, floresce em virtude; se, pelo contrário, é atacada pelos vícios, morre de asfixia e aborta.
Uma coisa é claríssima na natureza, tão clara que a ninguém é permitido ser cego a tal respeito, e é o fato de a natureza, ministra de
Deus e governanta dos homens, nos ter feito todos iguais, com igual forma, aparentemente num mesmo molde, de forma a que todos nos reconhecêssemos como companheiros ou mesmo irmãos.

domingo, 2 de novembro de 2008

Mercedes Sosa

Esqueçam a parte religiosa desta música. Vejam a mensagem. E que todos possamos refletir, o quanto temos sido conformados, que seja uma alerta para todos nós. Enquanto dormimos em nosso conformismo, muitos tem dado a volta por cima de nossas cabeças e esmagando a esperança de viver e sonhar.

" Só peço que a guerra não me seja indiferente. É um monstro grande pisa forte, toda pobre inocente dessa gente. "

Que deixemos de sermos conformados.
Que possamos acordar.

A mensagem final da musica pertence a Mahatma Ghandi.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Catecismo Revolucionário

CATECISMO REVOLUCIONÁRIO

por Michael Alexandrovich Bakunin

Princípios Gerais

Negação da existência de um Deus real, extra-mundial, pessoal e portanto, de qualquer revelação e de qualquer intervenção divina nos negócios do mundo e da humanidade. Abolição do serviço e do culto da divindade.



Substituindo o culto de Deus pelo respeito e o amor da humanidade, declaramos a razão humana como critério da verdade; a consciência humana como base da justiça
; a liberdade individual e coletiva como criadora única da ordem da humanidade.

A liberdade é o direito absoluto de todo homem ou mulher maiores de só procurar na própria consciência e na própria razão as sanções para seus atos, de determiná-los apenas por sua própria vontade e de, em conseqüência, serem responsáveis primeiramente perante si mesmos, depois, perante a sociedade da qual fazem parte, com a condição de que consintam livremente dela fazerem parte.

Não é verdadeiro que a liberdade de um homem seja limitada pela de todos os outros. O homem só é realmente livre na medida em que sua liberdade, livremente reconhecida e representada como por um espelho pela consciência livre de todos os outros, encontre a confirmação de sua extensão até o infinito na sua liberdade. O homem só é verdadeiramente livre entre outros homens igualmente livres, e como ele é só livre na condição de ser humano, a escravidão de um só homem sobre a terra, sendo uma ofensa contra princípio da humanidade, é uma negação da liberdade de todos.

A liberdade de cada um só se realiza, pois, com a igualdade de todos. A realização da liberdade na igualdade de direito e de fato é a justiça.

Existe apenas um dogma, uma única lei, uma única base moral para os homens, é a liberdade. Respeitar a liberdade do próximo é um dever; ama-lo, ajuda-lo,servi-lo é uma virtude.

Exclusão absoluta de qualquer princípio da autoridade e da razão de Estado - a sociedade humana, endo sido primitivamente um fato natural, anterior a liberdade e ao despertar do pensamento humano, transformada mais tarde em fato religioso, organizada de acordo com o princípio da autoridade divina e humana, deve reconstituir-se, hoje, com base na liberdade, que deve ser de ora em diante o único princípio constitutivo de sua organização politica e econômica. A ordem na sociedade deve ser resultante do maior desenvolvimento possível de todas as liberdades locais, coletivas e individuais.

A organização política e econômica da vida social deve partir, conseqüentemente, não mais como atualmente de cima para baixo e do centro para a circunferência, por principio de unidade e de centralização forçadas, mas de baixo para cima e da circunferência para o centro, por princípios de associação e de federação livres.

domingo, 3 de agosto de 2008

A propósito!

Definição de Anarquia
Visto que todas as formas de governo falharam, o ANARQUISMO apresenta sua proposta: ESTUDAI-O!!! Por que acreditar no Anarquismo? O anarquismo é neutro, e defende a sociedade ideal que tanto sonhamos. Uma vez que você acredita, nada mais é capaz de te desiludir ou decepcionar, pois o anarquismo já fará parte de você, e jamais te trairá como o nosso sistema atual, que é covarde e ganancioso. Se vc desistir dessa causa, vc terá se traído, não o anarquismo, que prosseguirá com as pessoas conscientes. Anarquia é uma palavra grega que significa literalmente "sem governo", isto é, o estado de um povo sem uma autoridade constituida. Antes que tal organização começasse a ser cogitada e desejada por toda uma classe de pensadores, ou se tornasse a meta de um movimento, que hoje é um dos fatores mais importantes do atual conflito social, a palavra "anarquia" foi usada universalmente para designar desordem e confusão. Ainda hoje, é adotada neste sentido pelos ignorantes e pelos adversários interessados em distorcer a verdade. Não vamos entrar em discussões filológicas, porque a questão é histórica e não filológica. A interpretação usual da palavra não exprime o verdadeiro significado etimológico, mas deriva dele. Tal interpretação se deve ao preconceito de que o governo é uma necessidade na organização da vida social. O Homem, como todos os seres vivos, se adapta às condições em que vive e transmite , através de herança cultural, seus hábitos adquiridos. Portanto, por nascer e viver na escravidão, por ser descendente de escravos, quando começou a pensar, o homem acreditava que a escravidão era uma condição essencial à vida. A liberdade parecia impossível. Assim também o trabalhador foi forçado, por séculos, a depender da boa vontade do patrão para trabalhar, isto é, para obter pão. Acostumou-se a ter sua própria vida à disposição daqueles que possuíssem a terra e o capital. Passou a acreditar que seu senhor era aquele que lhe dava pão, e perguntava ingenuamente como viveria se não tivesse um patrão. Da mesma forma, um homem cujos membros foram atados desde o nascimento, mas que mesmo assim aprendeu a mancar, atribui a estas ataduras sua habilidade para se mover. Na verdade, elas diminuem e paralisam a energia muscular de seus membros. Se acrescentarmos ao efeito natural do hábito a educação dada pelo seu patrão, pelo padre, pelo professor, que ensinam que o patrão e o governo são necessários; se acrescentarmos o juiz e o policial para pressionar aqueles que pensam de outra forma, e tentam difundir suas opiniões, entenderemos como o preconceito da utilidade e da necessidade do patrão e do governo são estabelecidos. Suponho que um médico apresente uma teoria completa, com mil ilustrações inventadas, para persuadir o homem com membros atados, que se libertar suas pernas ou mesmo viver. O homem defenderia suas ataduras furiosamente e consideraria todos que tentassem tira-las inimigos. Portanto, se considerarmos que o governo é necessário e que sem o governo haveria desordem e confusão, é natural e lógico, que a anarquia, que significa ausência de governo, também signifique ausência de ordem. Existem fatos paralelos na história da palavra. Em épocas e países onde se considerava o governo de um homem (monarquia) necessário, a palavra "república" (governo de muitos) era usada exatamente como "anarquia", implicando desordem e confusão. Traços deste significado ainda são encontrados na linguagem popular de quase todos os países. Quando esta opinião mudar, e o público estiver convencido de que o governo é desnecessário e extremamente prejudicial, a palavra "anarquia", justamente por significar "sem governo" será o mesmo que dizer "ordem natural, harmonia de necessidades e interesses de todos, liberdade total com solidariedade total". Portanto, estão errados aqueles que dizem que os anarquistas escolheram mal o nome, por ser este mal compreendido pelas massas e levar a uma falsa interpretação. O erro vem disto e não da palavra. A dificuldade que os anarquistas encontram para difundir suas idéias não depende do nome que deram a si mesmos. Depende do fato de que suas concepções se chocam com os preconceitos que as pessoas têm sobre as funções do governo, ou o "Estado" como é chamado.
Por Errico Malatesta (em anarquia, 1907)

Em tempos de eleição, quando você ouve discursos e não vê alternativas, saiba que sempre existe uma saída (e não é Cumbica nem Congonhas!): ANARQUIA!!!!!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Consciência de classe

A Consciência de Classe

Georg Lukács

Extraído de História e Consciência de Classe, Georg Lukács, Ed. PCUS, 1960

"Não se trata do que tal ou qual proletário ou mesmo o proletariado inteiro se represente em dado momento como alvo. Trata-se do que é o proletariado e do que, de conformidade com o seu ser, historicamente será compelido a fazer. "


Marx, A Sagrada Família

Infelizmente, para a teoria e para a praxis do proletariado, a obra principal de Marx se interrompe no momento preciso em que aborda a determinação das classes. Pois o movimento que a ela se seguiu se tem limitado, neste ponto decisivo, a interpretar e a confrontar as ocasionais declarações de Marx e Engels, a elaborar e a aplicar, ele próprio, o método. A divisão da sociedade em classes deve ser definida, no espírito do marxismo, pelo lugar que elas ocupam no processo de produção. Que significa, pois, a consciência de classe? Desde já a questão se subdivide em uma série' de questões parciais, estreitamente ligadas entre si:
1º) Que se pode entender (teoricamente) por consciência de classe?
2º)Qual a função da consciência de classe assim (praticamente) compreendida na luta de classes? Esta questão se relaciona à seguinte: trata-se, a questão da consciência de classe, de uma questão sociológica "geral" ou essa questão tem um significado para o proletariado que as demais classes, até hoje aparecidas na história, ignoraram? E finalmente: formam, a essência e a função da consciência de classe, uma unidade ou aí se pode distinguir gradações e camadas? Se se pode, qual é, então, sua significação prática na luta de classe do proletariado?



I

Em sua célebre exposição do materialismo histórico,[1] Engels parte do seguinte ponto: embora consista, a essência da história, em que "nada se produz sem desígnio consciente, sem fiz desejado", a compreensão da história exige que se vá mais longe. De um lado, porque "as numerosas vontades individuais em ação na história produzem, na maioria das vezes, resultados inteiramente diferentes dos resultados desejados, e freqüentemente opostos a esses resultados desejados, e que, por conseguinte, os seus móveis, igualmente, não tem mais do que uma importância secundaria para o conjunto do resultado. Por outro lado, restaria saber que forças motrizes se ocultam, por seu turno, por trás desses móveis, quais são as causas históricas que, na cabeça dos homens atuantes, se transformam em tais móveis". A seqüência da exposição de Engels precisa o problema: são essas forças motrizes que devem ser definidas, isto é, as forças que "põem em movimento povos inteiros e por sua vez, em cada povo, classes inteiras; e isso... através de uma ação durável e que resulta em uma grande transformação histórica". A essência do marxismo científico consiste em reconhecer a independência das forças motrizes reais da história com relação à consciência (psicológica) que os homens têm dela.

No nível mais primitivo do conhecimento, essa independência se expressa, originariamente, no fato de que os homens vêem uma espécie de natureza nessas forças, e que nelas, e nas leis que as unem, distinguem leis Naturais "eternas". "A reflexão sobre as formas da vida humana", diz Marx a propósito do pensamento burguês, "e, portanto, sua análise científica, toma, em geral, um caminho que é o oposto ao da evolução real. Essa reflexão começa a súbitas, e, por conseguinte, pelos resultados acabados do processo de evolução. As formas... já possuem a estabilidade das formas naturais da vida social, antes que os homens procurem levar em conta não o caráter histórico dessas formas que de preferência lhes parecem já imutáveis - mas do seu conteúdo" [2] Marx opõe a esse dogmatismo - cujas expressões foram, de um lado, a teoria do Estado da Filosofia clássica alemã, e, de outro, a Economia de Smith e de Ricardo - um criticismo, uma teoria da teoria, uma consciência de classe. Sob muitos aspectos, é esse criticismo uma crítica histórica que dissolve, antes de tudo, nas configurações sociais, o caráter fixo, natural, subtraído ao devir; que revela a origem histórica dessas configurações, e que, conseqüentemente, e sob todos os pontos de vista, estão submetidas ao devir histórico e também predestinadas ao declínio histórico. A história, por conseguinte, não ataca unicamente o interior do domínio da validade dessas formas (o que implicaria ser a história apenas a mudança dos conteúdos, dos homens, das situações, etc., segundo princípios sociais eternamente válidos); e tampouco essas formas são o alvo a que toda a história se propõe, cuja realização aboliria toda a história, ao ter esta cumprido sua missão. Ao contrário, a história é, antes de mais nada, a história dessas formas, de sua transformação, enquanto formas da reunião dos homens em sociedade, formas que, a partir das relações econômicas objetivas, dominam todas as relações dos homens entre si (e, por conseguinte, também as relações dos homens com eles próprios, com a natureza, etc.).

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Expulsa....

Pois é.......
tenho ideias, tenho ideais...
Mas eles não são muito bem vindos.
Por ter ideias, por ter ideias sou expula.
Sumariamente expulsa do orkut.
Estou fora da rede mundial de relacionamentos mais famosa do mundo por defender ideias que não são racistas, homofobicas, machistas ou preconceituosas.
Mas tenho ideias.
Tenho ideais de um mundo socialista.
Um mundo livre.
Um mundo que tenha espaço para a Palestina e os palestinos.
Um mundo sem o Estado de Israel.
E só esta ideia me coloca para fora do orkut.
Hoje estou brava, irritada, e com a certeza de que tanto minhas ideias como meus ideais um dia hão de ser realidade.
Um dia, não distante hei de viver a alegria de um povo de volta a sua morada.
Free Palestine!!!!!